Em Agosto de 2021, um grupo de cidadãos, cidadãs e de organizações, conscientes de que Angola é um país refém das elites políticas e que a democracia é uma prisioneira que precisa de ser resgatada, encontraram no tema "eleições" o desafio que fazia confluir os seus receios e aspirações, tendo-se juntado para, em bloco, tentar dirimir as inúmeras disfunções que comprometiam a integridade do processo eleitoral de 2022. Assim nasceu o Movimento Cívico Mudei.
No dia 1 de janeiro de 2022 apresentava-se ao público com uma animação que exprimia o seu propósito e o foco para os meses que se seguiriam. Desde então, multiplicou acções de intervenção no espaço público, incluindo debates, formações, sondagens de tendência de voto, produção de conteúdos videográficos, esclarecimento sobre a lei eleitoral, denúncias sobre as suas violações por parte das instituições responsáveis pela organização do processo eleitoral, monitoria de imprensa e acções do foro jurídico, buscando pressionar os prevaricadores e, simultaneamente, esclarecer a opinião pública, incentivando-a a agir em defesa da sua soberania.
Na conclusão do seu projecto eleitoral, Jiku, as conclusões emitidas em comunicado de imprensa pelo Movimento eram inequívocas: "(...) as Eleições Gerais de 24 de Agosto de 2022 não foram justas nem transparentes e resultaram na perversão dos princípios que devem reger um Estado verdadeiramente Democrático e de Direito."
Uma nova etapa de luta cívica se abre, agora contra um governo que continua a impor-se por via de perversos simulacros eleitorais por si controlados, adulterando sistematicamente a vontade expressa pelos eleitores nas urnas, e passando um verniz de legitimidade com auxílio do Tribunal Constitucional, outro símbolo da perfidez que grassa o que eufemisticamente apelidamos de "poder judiciário", sendo na verdade mais um instrumento político na mão do partido no poder.
Essa luta depende de acções sistemáticas de elucidação que elevem a consciência cívica dos angolanos, acompanhadas sempre das acções mais vigorosas ao abrigo da Constituição da República. É o que nos propomos fazer doravante.